quarta-feira, 9 de março de 2016

Ser livre...

Ser livre…
Vai por aí uma histeria enorme a propósito de ser livre...
Ser livre, agora, é sufragar a linha editorial de um jornal satírico! Quem não for livre dessa maneira, vive sob o tecto duma densa escuridão, prisioneiro duma ideologia fanática, mortífera, praticada para agradar ao portentoso deus que tudo impõe e ou é como ele quer ou não é...
Espuma do politicamente correcto, reflexo imediato à «dor de consciência» de quem não sente, não pensa e não pratica a liberdade e, em crise, sente remorsos por não ser pro-activo no exercício dela. Lembram-me os que respiram todos os dias, porque respirar é intrínseco à vida, mas não lhe dão significado especial (poluem, poluem, poluem e só se importam com as questões do ambiente quando lhes «falta o ar» ou o que têm é impróprio para auto-consumo...)
A liberdade só existe se depender da verdade. Não há gente livre porque a verdade implica um caminho de permanente procura. O adquirido é sempre pouco, insignificante, em relação ao vislumbre ténue que se tem, a cada passo, do que é a verdade. Em tese, duas pessoas podem estar a caminhar em sentidos contrários e ambas quererem estar mais próximas da verdade. É assim com todos os homens e nem os mais iluminados estão sequer próximos da verdade...
Ser livre é poder caminhar e mudar de rumo quantas vezes forem necessárias. O rumo do outro pode não ser aquele que nos atrai porque a verdade depende do que cada um aprende acerca da essência do que ocorreu, pois só pode ser verdade aquilo que é, e o que é não pode ser diferente do que foi nem do que será.
Ser livre implica sempre a procura do outro, mesmo que vá em sentido contrário. O que exige, como condição necessária, tolerância no momento em que se encontram para poder, pelo menos, olhar, pelo canto do olho, um para o outro, sugerindo, reciprocamente, a inversão do sentido de marcha... Nesse encontro leva vantagem aquele que, depois de muito caminho, se apresenta aliviado, confiante, sereno, que já não caminha por si apenas, mas por todos quantos encontra no percurso, cabisbaixos, inseguros, carregados, sem final feliz no horizonte...
Ser livre implica imiscuir o absoluto na convivência humana sem a tentação de o impor, antes com vontade de mostrá-lo, vivendo-o. Não será possível fazê-lo sem partilha, sem diálogo... Muito menos com a arrogância de quem, estando inseguro, tudo avilta, tudo reduz a um traço de humor, a uma linha de ironia, a um quadro de sarcasmo, às toneladas de papel com que afirma, à cidade e ao mundo, que tudo é relativo e como tal nada é verdadeiro, ou tudo é verdadeiro, mesmo que nada deixe de ser relativo...
Só se pode presumir livre aquele que procura a verdade. A verdade é o que é e não pode ser o seu contrário. O que agora temos é liberdade para procurar ser livres. De entre as várias propostas que conheço, aceito a de Jesus que afirmou ser Ele próprio a Verdade libertadora e demonstrou-o. Agora vou nesse caminho libertador, piscando o olho a quem vai noutro, «forçando-o» a mudar de rumo... Só tenho que fazer «o esforço» de lembrar-lhe que pode sempre manter-se onde está, ir aonde vai, ser quem é, seguir quem segue, imitar quem imita, exercendo a liberdade de escolher não ser... livre! Mas respeitar, em tolerância, o caminho de quem «lhe pisca o olho».
É que não conheço quem se tenha confundido com a VERDADE, como o fez JESUS, e só a VERDADE é libertadora!


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