quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Todos irmãos e irmãs?

O Papa Francisco é um «simplificador»! Não admira que seja tão popular. O que no discurso perde em substância ganha em aceitação aos ouvidos dos destinatários. O que não consegue na resolução concreta das dificuldades que desirmanam os povos obtém em adesão concordante e popular. O Papa Francisco dizer, a propósito de diálogo inter-religioso, que cristãos e Muçulmanos são irmãos e irmãs é fechar com chave de ouro uma campanha de charme. Mas não resulta em compreensão do que efectivamente os separa, nem clarifica as razões da luta fratricida com a qual um quer eliminar o outro (ou, pelo menos, submetê-lo) como é o caso do Islamismo em relação ao Cristianismo.
Por tanto simplificar, ficam os destinatários sem ânimo para perguntar porque persistem as guerras, a pobreza ou a tirania... Pressuposto é que entre irmãos a coisa fosse simples, que não andassem aos tiros, que não se deixassem morrer à fome, ao frio ou que uns fossem tiranos e outros subjugados... Por tanto simplificar, as mentes ficam perturbadas por não ser admissível ter um irmão que nos quer fazer deflagrar por causa de cada um estar do seu lado da barricada religiosa... Por tanto simplificar, ficam uns ansiosos porque - está-se a ver! - têm que dar o peito às balas, outros ofegantes com a causa de andar pelo mundo a deflagrar engenhos, a disparar espingardas sobre crianças, jovens, velhos, mulheres e homens, sempre inocentes e no papel de bode expiatório.
Agir amorosamente, ser solidário, estender a mão aos que sofrem, advogar a coexistência pacífica (não só, dar o exemplo, viver por ela e para ela) não exige esse exercício simplificador de dizer que os do islamismo e os do cristianismo são todos irmãos. Pode estar no reconhecimento das diferenças o caminho para fazer a ponte entre quem tem amor para dar e quem tem espada para matar. Não contribui para essa clarificação necessária dizer que, afinal, cristãos e muçulmanos adoram o Deus único, vivo e subsistente, misericordioso e omnipotente, criador dos céus e da terra, que falou aos homens, escondendo que apenas Jesus Cristo a todos pode irmanar.
Dos lábios de Francisco não devem sair palavras de simplificação que, correndo o mundo, iludam a natureza da verdadeira relação entre as Escrituras e o Alcorão, entre a prática do amor e a submissão à espada...   Dos lábios de Francisco devem brotar sementes que gerem amor, concórdia, amizade e tudo o mais que favoreça a paz nas relações humanas, não palavras de ilusão, fazendo crer que cristãos e muçulmanos são irmãos e irmãs. Os cristãos até podem acreditar e fazer mais por isso; aos muçulmanos não passa pela cabeça considerar irmão quem não praticar a sua religião, resumida no Arkan-al-Islam...
O Papa Francisco é ingénuo? Não! Quer tapar o sol com a peneira. O que se lhe exige está muito para além dessa atitude simplificadora e ao seu alcance como líder, cuja voz se ouve em todo o mundo: Que os Cristãos o sejam, em essência, e partilhem a sua fé com todos os muçulmanos. 
Somos todos irmãos? 
Sim, por Jesus Cristo, que a todos faz filhos de Deus! 
Francisco não deve ignorar isso, sob pena de se tornar irrelevante.


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