terça-feira, 10 de março de 2015

Como camaleões, não!

Reparo, tantas vezes, na facilidade com que se atira pedras, em jeito justicialista e de linchamento moral do género: «Somos melhores porque não fazemos... isso!» («Isso» poder ser legislar desta ou daquela maneira, defender ou combater esta ou aquela ideia, criticar este ou aquele agente político, religioso...). Para manter essa postura, fugindo ao desafio de só atirar quando se está isento de reparo, muda-se de «veste»: se se é polícia e se quer criticar a Ministra da Administração Interna atira-se na qualidade de simples cidadão, se se é Director de jornal e se quer criticar o presidente de uma agremiação desportiva atira-se na qualidade de adepto da agremiação adversária, se se é candidato a qualquer coisa e se quer disfarçar o interesse por ela atira-se contra o titular do cargo com toda a consideração pela função, se se é dirigente duma comunidade religiosa atira-se aos que não pensam como nós que somos senhores de toda a verdade, se somos mais filantropos que o vizinho atiramos em força a criticar a avareza alheia... Enfim, é difícil aceitar o repto, olhar para dentro, para nós, para os que estão ao lado, e recolher a mão... Ficamos com espaço para tratar do nosso caso, do caso do nosso grupo, sempre na mesma veste com que saímos à rua para ir à missa ou ao culto! É preciso não esquecer que ainda ontem fizemos aquilo que veementemente criticamos aos outros... Se quisermos continuar a atirar pedras, então façamo-lo com a «autoridade» da função que nos dá reconhecimento público. Como camaleões, não!

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