No próximo dia 7, se fosse vivo,
João Sequeira Hipólito faria 98 anos de idade. Foi chamado muito cedo às
moradas eternas.
Há pessoas que deixam marcas
indeléveis no nosso percurso. Por simples que pareçam, perduram porque tiveram
e têm sentido.
João Sequeira Hipólito
assistiu-me na orfandade. Interessou-se por mim.
Deu-me palavras de incentivo.
Quis saber o queria ser quando
fosse grande.
Disse-lhe o que, na altura, era o
meu sonho mais imediato.
Era o que estava ao alcance, o
que o meu «horizonte baixo» permitia vislumbrar como verosímil.
Ele considerou ajuizado para os
meus 15 anos… que era bom pensar em fazer o possível, o viável sem deixar de
sonhar com o «impossível, com o inviável».
Um homem sensível, próximo,
humano: um pastor!
E o «impossível» veio depressa,
embora exigisse, pelo meio, para se tornar possível, mudar de Continente,
navegar semanas…
O possível foi tê-lo por professor,
meses a fio.
Palavras marcantes num tempo de
«desalinho», o tempo da orfandade…
Palavras decisivas, ditas de
humilde cátedra e prenhes de respeitosa vontade de formar, de abrir
horizontes… de tornar fácil o que pouco tempo antes era «impossível».
O que tenho de memória dele,
depois disso, é pouco.
Pena minha recordar-me ao de leve
da sua passagem por Luanda, a caminho do Cuanza-Sul…
Pena minha não se ter, nos
vertiginosos anos de 1975-78, proporcionado melhores tempos para fruir do seu riquíssimo
múnus pastoral…
Ficou-me uma mágoa imensa por
vê-lo partir tão jovem para a morada que esperava.
Não tarda, fará 36 anos que nos
deixou.
Tempo suficiente para tornar o
mundo irreconhecível.
Mas homens como João Sequeira
Hipólito não morrem – iluminam-nos, pelo exemplo, lá da galeria dos heróis da
fé que fruem do descanso almejado!
O meu (e de todos) Tio Hipólito!
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