quarta-feira, 4 de março de 2015

O meu (e de todos) Tio Hipólito!

No próximo dia 7, se fosse vivo, João Sequeira Hipólito faria 98 anos de idade. Foi chamado muito cedo às moradas eternas.
Há pessoas que deixam marcas indeléveis no nosso percurso. Por simples que pareçam, perduram porque tiveram e têm sentido.
João Sequeira Hipólito assistiu-me na orfandade. Interessou-se por mim.
Deu-me palavras de incentivo.
Quis saber o queria ser quando fosse grande.
Disse-lhe o que, na altura, era o meu sonho mais imediato.
Era o que estava ao alcance, o que o meu «horizonte baixo» permitia vislumbrar como verosímil.
Ele considerou ajuizado para os meus 15 anos… que era bom pensar em fazer o possível, o viável sem deixar de sonhar com o «impossível, com o inviável».
Um homem sensível, próximo, humano: um pastor!
E o «impossível» veio depressa, embora exigisse, pelo meio, para se tornar possível, mudar de Continente, navegar semanas…
O possível foi tê-lo por professor, meses a fio.
Palavras marcantes num tempo de «desalinho», o tempo da orfandade…
Palavras decisivas, ditas de humilde cátedra e prenhes de respeitosa vontade de formar, de abrir horizontes… de tornar fácil o que pouco tempo antes era «impossível».
O que tenho de memória dele, depois disso, é pouco.
Pena minha recordar-me ao de leve da sua passagem por Luanda, a caminho do Cuanza-Sul…
Pena minha não se ter, nos vertiginosos anos de 1975-78, proporcionado melhores tempos para fruir do seu riquíssimo múnus pastoral…
Ficou-me uma mágoa imensa por vê-lo partir tão jovem para a morada que esperava.
Não tarda, fará 36 anos que nos deixou.
Tempo suficiente para tornar o mundo irreconhecível.
Mas homens como João Sequeira Hipólito não morrem – iluminam-nos, pelo exemplo, lá da galeria dos heróis da fé que fruem do descanso almejado!

O meu (e de todos) Tio Hipólito!


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