sábado, 10 de dezembro de 2011

O tormento natalício...

O que vai por aí! Tanta gente em movimento...para dar alguma coisa aos outros, às crianças, aos velhos, aos desvalidos... Nada de mal, antes pelo contrário. Se o que faz falta a todos não estiver apenas ao alcance de alguns, tanto melhor. As vias para chegar lá são muitas. Está incluída a solidariedade, representada em actos de benemerência... O que nunca se dá é o melhor, o que mais nos agrada, o que mais nos faz falta... se damos, damos para além do que nos é preciso.. O problema é que damos coisas. Coisas que nem sabemos se fazem falta, se são úteis... Temos que dar que é Natal, fica bem, é obrigatório, alguém levará a mal se não receber... É um tormento viver o Natal assim, em correria para dar alguma coisa... O tempo urge, estamos quase próximos da data, ainda nos falta comprar isto para aquele, isto para aquela, isto para mim (também sou filho de Deus...), isto, mais isto, mais aquilo... Ainda me falta isto... não me posso esquecer daquilo... Ai, meu Deus, e a prenda para...., que o ano passado me ofereceu isto (está para ali arrumado, sem préstimo...). Se me esquecesse... Estou farto do Natal assim... atormentado... desejoso que passe e não volte... Queria mais que fosse tempo de partilha de «bens imateriais», sem correspondência em euros ou dólares, inconvertíveis em bens tangíveis, transacionáveis, enquadrados na balança comercial... Sim, bens que fossem «património da Humanidade»... Podiam ser representados por cantigas (porque não!), abraços, palavras amigas, mãos dadas, coisas assim, com calor, afectivas, que fizessem as pessoas gostar mais de si para gostar mais dos...outros! Tempo de dar quem somos, de receber quem os outros são, tempo de humanizar... de sermos uns com os outros, da fazer a «casa comum» sem distinções.. Tempo de procurar o próprio rumo e tirar os obstáculos do caminho, caminhar numa auto-estrada de sonho, na mira da realização da esperança... Esperança de que a morte é apenas o sinal luminoso que anuncia que a vida agora está noutra dimensão, perene, que dispensa as coisas e vive de dádivas de reconhecimento universal... Tempo de vencer a crise, qualquer crise, bastando dar-se cada uma a si próprio como Deus se deu a cada um... Tempo de vencer o tormento do momento, trocando cada dia tudo para que não sucumbamos à azáfama de tudo trocar em vista dum só dia... Mesmo que a esse dia se chame Natal (Oh! Já não simboliza esse dia maior em que Deus se fez tal qual somos e nos deu tudo o que tinha, todos os dias, e dá sempre enquanto quisermos... sem data aprazada ou dia convencionado... DEU-SE! Pronto!) José Manuel Martins

2 comentários:

  1. Concordo totalmente com o tio. Desejo que o natal seja diferente...que deixe de ser um natal comercial...mas é difícil remar contra a maré...
    Bj
    Cristina

    ResponderEliminar
  2. Talvez ete ano a crise dê uma ajuda a quem quer remar contra a maré, não é Ana Cristina Ramos, querida sobrinha!?

    ResponderEliminar