Múltiplos sonhos
de sentido único
concretizados em sorrisos
a dois...
Dois, sim, mas como um
cada um no sonho do outro
em amálgama rija de ânimos
sôfregos de vivências áureas, argênteas...
Correu, célere, o tempo
dos sonhos,
que se esvaíram em dores,
queixas vice-versa, de ti, de ti...
Aguçadas pedras erigiram-se
do caminho sempre em mais desleixo
abrindo veredas de separação
cantos para sonhar a só...
Cada um sonha por si
caminha sem saber do outro
ao lado, sem sonhos, em pranto
ser um, sendo dois, sem encanto...
Vai um já à frente
saltitando montículos de rancor
driblando ódios gemidos
que o outro não vê, mas sente...
Real sombra dos sonhos d'ontem
que não é abrigo, não protege
das intempéries antes amenas
acabou tudo hoje!...
Sim, tudo o que sonharam juntos
num ápice fez-se passado
diante dum togado apressado
capaz de pôr selo num sonho desfeito...
Lido o veredicto finou-se o sonho sonhado a dois
agora é caminhar, caminhar
com o outro de lado, em pranto
cada um em busca dum sonho novo...
(JMM, hoje, à saída tribunal, a ver Lisboa luminosa...)
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