domingo, 17 de outubro de 2010

Crónica duma manhã de sábado…

Meu caro leitor, hoje deu-me para falar outra vez de…mim (aliás, isso sucedeu depois de ler o post dum amigo, no qual reflectia sobre o valor de falar do que somos, bem no íntimo, como agimos…). Entusiasmei-me com a ideia de poder partilhar minudências, assaz comuns nas minhas rotinas, susceptíveis de prender a sua atenção e, por uns instantes, ficarmos juntos, ainda que nem nos conheçamos...).
- E vou dizer o quê? - pensei.
Olhe, vou falar do meu dia de sábado (é relato mesmo, não ficção...) e, pronto, fica a mini crónica para a posteridade (pode ser que quem anda nestes sítios, nos blogues, e passe por aqui, se entusiasme também e fale mais de si, da cosmovisão por que orienta a sua existência e revele os trilhos onde põe os pés...).
O relógio estava para despertar às 7 horas... acordei dois minutos antes, mas o malandro não apitou. Já era noite quando o meu filho (os nossos filhos sabem muito mais destas geringonças - ou novas tecnologias!? – do que nós, que já militávamos noutras eras, antes, muito antes, de se inventar o telemóvel com relógio despertador incorporado…) descobriu o gato: estava comandado para despertar às 2ª e às 3ª feiras... Foi só enfiar a roupa (a do dia anterior, com gravata e tudo...), fazer um café (e tomá-lo, para despertar, que a noite foi de insónia...) e toca a andar... às 8 tinha que estar numa reunião, de periodicidade quinzenal, com amigos que levam a carga duma Instituição de Solidariedade Social na área da saúde e apoio social aos idosos, mães solteiras, crianças e jovens a precisar de protecção institucionalizada (não é a melhor protecção, mas é a que serve os interesses das crianças e jovens em risco à falta da família).
Não estranhe: nessa reunião estavam médicos, enfermeiras, professores, cientistas do fenómeno religioso, um causídico, um mestre em gestão da saúde… para fazer o levantamento dos problemas que carecem de solução imediata para que a resposta da Instituição seja mais adequada às necessidades que estão colocadas pela sociedade e, particularmente, para ORAREM! Curioso, não é? Pois é… dedicamos uma hora ao sábado de manhã cedo para fazer isso! Afinal (para quem crê) «a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das que não se vêem» (cito de cor)...
Mas um dos presentes tinha a incumbência de reflectir sobre um tema, em 15 minutos. Foi enriquecedor porque «aprendi» que posso estar ocupado a noite inteira com as redes, o barco, os remos e, pela manhã, não ter pescado nada! A vida sem projecto, sem horizonte, sem rumo provoca um frenesim cansativo (andamos de lado para lado, a correr sempre, a fazer milhentas coisas, por é curto o dia, a semana, o mês, o ano, amanhã estamos cansados, velhos, sem genica...) e, quando constatamos o resultado, não temos nada (amor, amizade, companheirismo...). Andamos à pesca o tempo todo e estamos de redes vazias!
Outra coisa que «aprendi» (a «lição» durou pouco mais de 20 minutos...) é que a experiência acumulada (os saberes duma vida inteira) só vale alguma coisa se soubermos o que vamos fazer com ela... Doutra forma, «inchamo-nos de sapiência» e, no fim, morremos «doutos»! Como é que vou continuar a lançar as redes e pescar se não faço ideia nenhuma do que quero fazer com o peixe? É salutar que tenha um plano para não o deixar apodrecer e dizer, depois, trabalhei, trabalhei e... nada se aproveitou desse esforço! Amanhã vou deleitar-me a comer o peixe com quem quiser partilhar a mesa comigo!
Não há plano pessoal socialmente útil que não implique... partilha! Que não implique outras pessoas, o bem-estar delas, um salto qualitativo na sua integração social.
Olhe, caro leitor, depois fomos tomar o pequeno-almoço juntos, como é habitual! Lá no café já ninguém estranha: o «bando» do costume que não devem ter mais nada que fazer ao sábado, de 15 em 15 dias... Mas respeitam-no (ao bando) porque o «chefe» é o médico mais popular do bairro e redondezas!

Depois veio o almoço em família. O frango na brasa à angolana (quase...), comprado na churrasqueira do bairro...
Eis, em resumo, o que, numa manhã de sábado, fez arte da minha vida! Tenho a certeza de que estar com quem pensa como nós, tem os mesmos projectos, comunga dos mesmos propósitos, quer remir o tempo e aplicar, de modo útil, a experiência acumulada, corresponde a uma «filosofia» de vida que procura ler os sinais dos tempos para não perder o rumo, definido segundo a lógica de que o futuro está assinalado e passa por morar «na casa de Deus»…
PS: Ah! Esqueci-me de dizer que antes do pequeno-almoço fiz duas recomendações, já fora do programa da reunião: A primeira, que daqui até ao Natal, pelo menos, quando algum associado, familiar, amigo ou conhecido quiser comprar uma prenda para uma criança dos 3 aos 9 anos tem que pensar duas vezes: ou oferece O Pintinhas Azuis ou oferece… O Pintinhas Azuis (a Letras d' Ouro associou a obra - que vai ser apresentada ao público no dia 20 próximo, às 18, 30, em Lisboa - ao Desafio Miqueias contra a discriminação e uma percentagem das vendas está destinada ao financiamento da obra social da Instituição em que estávamos reunidos); a segunda, nenhum marido, noivo, namorado, avô, avó, tio, tia… terá alternativa quando quiser presentear uma mulher (adolescente, jovem, adulta, de meia idade, de idade madura...) para celebrar um dia especial: ou oferece Nos Braços do Pai ou oferece... Nos Braços do Pai (um livro e CD da Letras d'Ouro, em lançamento precisamente nesse dia)...
Fiz de facto a apresentação das obras! É verdade que O Pintinhas Azuis se destina às crianças e Nos Braço do Pai primeiro às mulheres... mas é brincadeira que tenha dito que não há alternativa: somos um grupo de homens e mulheres livres que consumimos o que queremos!
José Manuel Martins

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