Li, pausadamente, com muito
interesse a obra do pr. Joaquim Lucas da Silva, «As Virgens».
Lido o preâmbulo e o texto da
contracapa o leitor fica de imediato ao corrente do tema. Na verdade, a
parábola das «dez virgens» tem sido, recorrentemente, «estudada» para alertar
os fiéis sobre a necessidade da prontidão para receber o Noivo, cuja prometida
chegada está anunciada para dies certus
an incertus quando…
No entanto, esperava, depois
de contadas as histórias de vida das dez virgens, imaginadas, claro – e que são
parte substancial da obra - com pormenores que o contexto económico-social e religioso
exigia – esperava, dizia, que a narrativa se «finasse» num simples «salto de
transição» para a natureza e iminência da segunda vinda de Cristo. De certa
maneira, feita a transição como a fez o autor, as histórias de vida das virgens
perdem a força que foram ganhando, uma a uma, ou são mesmo dispensáveis para
entender o ensino que se explicita de seguida sobre o tema central da dita
parábola… Para explicitá-lo, bastava dizer que cinco das virgens tinham
olvidado o essencial, investindo, afinal, no que se revelou secundário ou
acessório. E para isso das 180 páginas seriam suficientes duas dedicadas aos «perfis»
das virgens.
Sem prejuízo, naturalmente,
dos relatos vívidos das situações da vida real prenhes de ensinamentos –
demonstrando o imenso saber, empenho e talento do autor para falar da essência
da vida e dos sentimentos, emoções e necessidades das pessoas em geral - o
«desaproveitamento», digamos assim, dessa parte inicial da obra, elaborada
estoicamente, para alertar os que esperam o Noivo de que é ingente a
necessidade de estabelecer prioridades que respeitam à natureza do enlace
prometido fica evidente…
Mas a leitura é estimulante e
a parte «escatológica», que corresponde à segunda parte, pode motivar o estudo,
sempre apaixonante, da parábola.
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