segunda-feira, 23 de maio de 2016

AS VIRGENS


Li, pausadamente, com muito interesse a obra do pr. Joaquim Lucas da Silva, «As Virgens».
Lido o preâmbulo e o texto da contracapa o leitor fica de imediato ao corrente do tema. Na verdade, a parábola das «dez virgens» tem sido, recorrentemente, «estudada» para alertar os fiéis sobre a necessidade da prontidão para receber o Noivo, cuja prometida chegada está anunciada para dies certus an incertus quando
No entanto, esperava, depois de contadas as histórias de vida das dez virgens, imaginadas, claro – e que são parte substancial da obra - com pormenores que o contexto económico-social e religioso exigia – esperava, dizia, que a narrativa se «finasse» num simples «salto de transição» para a natureza e iminência da segunda vinda de Cristo. De certa maneira, feita a transição como a fez o autor, as histórias de vida das virgens perdem a força que foram ganhando, uma a uma, ou são mesmo dispensáveis para entender o ensino que se explicita de seguida sobre o tema central da dita parábola… Para explicitá-lo, bastava dizer que cinco das virgens tinham olvidado o essencial, investindo, afinal, no que se revelou secundário ou acessório. E para isso das 180 páginas seriam suficientes duas dedicadas aos «perfis» das virgens.
Sem prejuízo, naturalmente, dos relatos vívidos das situações da vida real prenhes de ensinamentos – demonstrando o imenso saber, empenho e talento do autor para falar da essência da vida e dos sentimentos, emoções e necessidades das pessoas em geral - o «desaproveitamento», digamos assim, dessa parte inicial da obra, elaborada estoicamente, para alertar os que esperam o Noivo de que é ingente a necessidade de estabelecer prioridades que respeitam à natureza do enlace prometido fica evidente…

Mas a leitura é estimulante e a parte «escatológica», que corresponde à segunda parte, pode motivar o estudo, sempre apaixonante, da parábola.



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