sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O sonho imortal...

Há um sonho que não morre
Alimentado no coração dos poetas:
Vão tornar-se os humildes tão fortes
Que acabarão os poderosos no mundo!
Antes, acocorado, à socapa, em silêncio,
Escuta o servo humilhado a voz
Dos que querem mais poder,
Esfaqueando pelas costas quem confia.
Pé ante pé, um degrau de cada vez,
Ei-lo a urdir o plano de denúncia
Para safar do fio da espada
Quem, inocente, não deve morrer.
Sucumbiram os mordomos do mal,
Mas persistiu a tirania reconhecida
Que olvidou logo o grito de alarme
Da atalaia dos fracos, ignotos.
Brotaram sinais de vingança da alma
Dos que não suportaram a afronta
De ver os seus denunciados, mortos,
Por quem saiu da penumbra e falou.
Por um morrem todos, inclemente,
Ditou o homem forte acoitado
Na perfídia dissimulada no beija-mão
Cujo anel selava a ordem.
A vingança tem destas coisas:
Abate-se o inimigo, acaba-se-lhe a raça
E fica-se com tudo o que lhe pertence!
Ah! Antes dos humildes subirem ao pódio,
Como na retórica dos poetas se previu,
Muitos crimes suportarão por ordem
Dessa peste de poderosos, governantes
Amorais, sem escrúpulos, vingativos…
Esse poder ascendente dos fracos
Explodirá num corpo que mostrará
A beleza da alma por corromper.
Está ainda sob tutela o poder dos humildes
Mas não tarda o dia final dos poderosos
Reduzidos a escombros por decreto
Publicado no dia em que celebrariam a morte
Dos seus redactores…

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