1.
A preparação da edição desta obra foi
demorada. A sugestão para a sua publicação foi-nos dada pelo nosso querido amigo
Joel Melancia, que, graciosamente, a traduziu do inglês. Levámos, seguramente,
7 anos a preparar a edição. Nunca ocorreu isso com as obras publicadas pelas
Letras d’Ouro. Nós gostámos da obra à primeira leitura. O que seria normal
teria sido publicá-la em 2008. Não aconteceu e não se justifica perguntar
porquê. Talvez porque este seja o tempo para pensar sobre o tema e reunir quem
hoje se apresentou para participar deste evento. Deus tem os seus tempos;
admito que este seja o seu tempo.
2.
Hoje está presente cada vez mais a
questão acerca da evolução da divisão do mundo tal como foi operada na
sequência das grandes guerras do século passado e daquelas que regionalmente
foram (vão) ocorrendo na Europa mais a leste, na Ásia e no Médio Oriente, em
particular. Essa realidade passa muito pela acção do radicalismo muçulmano, mas
ainda não é possível fazer uma prognose segura do futuro. O que se sabe, e isso
é objectivo, é que na sua estratégia de «conquista» o Islão recuperou a matriz
inicial: violência e domínio.
3.
Esta obra, porém, não trata
directamente das questões sociopolíticas, militares ou da prevalência desta ou
daquela religião na evolução da posição dos povos no mundo. Trata apenas de
saber como devem os cristãos interagir com os muçulmanos de modo a partilhar
com eles o que, ciosamente, o Islão tem evitado – o Evangelho de Cristo.
4.
No decurso da revisão e edição da obra,
fomos coligindo algumas notas que podem agora servir de introdução ao debate,
que se perspectiva mais profundo e avisado no que concerne ao modo como essa
partilha é necessária, aliás, como ela se torna cada vez mais necessária tendo
em conta o contexto do relacionamento entre os povos de matrizes religiosas tão
diferentes. São essas notas que vos quero facultar, pedindo a vossa
benevolência e compreensão para a sua natureza perfunctória, sendo certo que
esperamos mais de quem melhor do que nós domina o assunto.
5.
Eis então a súmula do que me apraz
dizer-vos em relação à introdução à obra do Dr. Charles R. Marsh Compartilhe a sua fé com um muçulmano:
*
Na sequência dos eventos terroristas
que abalaram o Ocidente, depois de 11 de Setembro de 2001, aos cristãos em
geral colocou-se de novo a questão de saber como deveriam relacionar-se com os
praticantes do Islão, em particular nos países europeus em que existem milhões
de cidadãos muçulmanos, cientes dos seus direitos no que tange à prática da
religião.
A ausência quase total de
reciprocidade em relação aos cristãos dos países de maioria muçulmana, nos
quais são impedidos de se assumir como tal e muitas vezes perseguidos,
torturados e mortos, levantou e levanta presentemente a questão de saber como
deve ser tratado o Islão e os seus praticantes nos países de maioria
sociológica cristã em que todas as religiões podem expressar-se livremente e
expandir-se.
Em países como a França, Alemanha,
Espanha, Reino Unido, Estados Unidos da Améria e Portugal, por exemplo e nas
devidas proporções, a presença e visibilidade dos muçulmanos têm importante
significado social e religioso. Depois desses acontecimentos de terror, em
muitas nações ocidentais os cidadãos inquietaram-se, tiveram medo e, como é
sabido, não faltaram acções concretas no sentido de os excluírem das sociedades
respectivas.
No essencial, as pessoas questionam-se
acerca da natureza do Islão:
Não é ele particularmente intolerante?
E por isso é que as sociedades suportam tamanhos custos em mortes, destruição e
instabilidade social?
E não é o Islão particularmente
intolerante em relação aos cristãos, como as dezenas de milhar de mortos na
Síria, no Iraque, na Nigéria, no Quénia, entre outros países, demonstram e os
vexames e violências em relação aos cristãos, em diferentes países do Médio
Oriente, confirmam?
Muito se tem escrito sobre as
conquistas otomanas na Europa, sobre as cruzadas cristãs no Oriente e sobre as
relações sociais complicadas em países ocidentais, como a França, depois das
guerras de descolonização do Magrebe, por causa da prevalência da Sharia na
cultura dos que, sendo cidadãos nacionais desses países, nunca «abdicaram» de
se comportar como cidadãos muçulmanos, desde logo na manifestação pública dessa
sua condição, mas também na exigência de manter, livres de impedimento, as suas
formas de organização familiar e exibição de símbolos religiosos.
Não se podem olvidar as posições mais
radicais para responder a essa actuação, como, por exemplo, as que advogam que
se os países muçulmanos não permitem a construção de templos de outras
religiões, porque é que as nações de matriz cristã hão-de deixar que nelas os
cidadãos de tais países construam as suas mesquitas? A falta de reciprocidade
parece ser o argumento, mas subjacente está a ideia de que facilitar a
propagação do Islão e dar aos seus praticantes tanta visibilidade não é
compatível com a «paz social» que se pretende assegurar, considerando essa
vertente de terror dos muçulmanos, capazes de se autopropagar no seio dessas
comunidades ocidentais protegidas.
Ou seja, se o Islão gera violência ou,
pelo menos, é capaz de a justificar, não é lógico, por um lado, sustentar o seu
desenvolvimento pois isso significa lançar à terra a semente destruidora dos
próprios fundamentos do Estado de Direito e das sociedades democráticas, mas,
por outro lado, a própria natureza dos fundamentos do Estado de Direito e da
democracia implicam ampla liberdade religiosa…
Bem sabemos que os mais moderados
dirão que a violência e a sua justificação são possíveis apenas numa lógica de
radicalização do que diz o Alcorão, com base numa exegese forçada ou
descontextualizada face ao momento histórico e ao avanço da Humanidade… Adiante
pois não é este o momento próprio para desenvolver este tópico, mas parece que
as sociedades ocidentais, mesmo aquelas cujo secularismo exacerbado lhes impõe
«renegar» os fundamentos cristãos que lhes estão na génese, não têm alternativa
senão «enfrentar» o Islão e os seus praticantes por via da aplicação exigente
das regras da liberdade religiosa e da adopção de medidas drásticas de combate
aos fenómenos que impliquem a utilização de meios que contendam com os direitos
e liberdades dos cidadãos, democraticamente assegurados.
Apesar dos medos instalados após
tantos eventos violentos, durante vários anos, que deterioraram as relações
entre o mundo islâmico e o Ocidente, o dia 11 de Setembro de 2001 permanece vivo
na mente de todos bem como também a situação drástica no Médio Oriente e
noutros países ao redor do mundo, em que os cristãos são alvo de assédio e
violência.
Na França, por exemplo, o véu e a
burca muçulmanos reavivaram tensões «adormecidas» pois muitos vêem nisso um
insulto aos direitos das mulheres numa sociedade livre e democrática, país onde
o governo parece impotente para conter a violência em áreas sensíveis que, às
vezes, dão origem a acusações graves contra os imigrantes, querendo significar
muçulmanos.
É diante desses fenómenos que muitos têm medo,
em França e noutros países ocidentais:
Medo do poder dos fortes e radicais grupos
muçulmanos que querem islamizar as sociedades secularizadas, fazendo
proselitismo em aproveitamento do desinvestimento na afirmação dos valores
cristãos, mais consentâneos com as raízes e tradições culturais autóctones,
sendo certo que tais grupos têm grandes apoios financeiros dos países mais
radicais, enriquecidos pela exploração do petróleo;
Medo da Sharia (lei islâmica) e dos
costumes muçulmanos arcaicos e intolerantes;
Medo da perda da identidade europeia e
cristã onde ela é ainda relevante.
Em geral, parece-nos que o futuro só pode ser
encarado com optimismo através do referido enfrentamento pois não há condições,
dado o carácter universalista do Islão, para restringir a sua expansão onde «os
campos estejam prontos para a sementeira». Além de acautelarem a segurança, as
nações ocidentais de matriz cristã têm que pugnar pela estrita compreensão e
aplicação dos documentos universais relativos aos direitos humanos e pugnar
pela sua aplicação a todas as criaturas do mundo, independentemente da vigência
maioritária desta ou daquela religião, deste ou daquele quadro de expansão do
Islão.
E
vamo-nos aproximando do essencial que pretendemos enunciar em relação a Compartilhe a sua fé com um muçulmano.
Naturalmente, podem ser diferentes as
estratégias dos cristãos consoante eles sejam de vinculação católica romana ou
reformada, protestante ou evangélica. Por razões históricas, nos últimos anos,
a Igreja Católica Romana pretendeu dar um contributo decisivo para a harmonia
dos povos, através do «diálogo religioso», em particular com os muçulmanos.
Dir-se-á que todos os esforços de aproximação para a convivência pacífica são
necessários. Mas isso pressupõe que se desiste da missão principal dos cristãos
que é levar o Evangelho de Jesus Cristo a todos os povos, «até aos confins da
terra», se os esforços a desenvolver visarem apenas criar as condições para que
cada um semeie a «sua religião» sem violência e respeitando os respectivos
campos de acção.
A abordagem dos cristãos que seguem a
orientação de Roma tende a resolver o dilema entre os que entendem que
quaisquer passos no sentido de manter a coexistência pacífica é ingenuidade e
os que recusam, pura e simplesmente, essa abordagem, colocando-se na posição de
rejeição do próprio Islão.
«Mas entre ingenuidade e a rejeição
não haverá lugar para uma abordagem diferente?», interrogam-se. A resposta é
afirmativa: há! Por isso se fala das quatro vias para o diálogo
inter-religioso, que, segundo o Papa Bento XVI, é uma necessidade vital:
A amizade e a ajuda diária mútua;
O trabalho comum para a justiça e a
paz;
O intercâmbio espiritual através de
experiências religiosas comuns;
O intercâmbio teológico, estudando as
respectivas tradições muitas vezes num quadro de relacionamento institucional.
Partindo do pressuposto que a maior
parte dos muçulmanos no mundo não defende a violência e recusa
automarginalizar-se como meio preventivo de provável «contaminação religiosa»,
e que quer apenas justiça e condições dignas para o exercício do culto
muçulmano, e considerando que é preciso estimular uma leitura não violenta dos
textos sagrados, como o Alcorão, que contem inúmeros versículos que proclamam a
paz e a harmonia, e pode também contribuir para o progresso da «consciência
universal», a Igreja Católica Romana valoriza e estima os muçulmanos porque
adoram o «Deus único, vivo e subsistente, misericordioso e omnipotente, criador
do céu e da terra, que falou aos homens.»
Mesmo se, no decurso dos séculos, não
poucas disputas e hostilidades surgiram entre cristãos e muçulmanos, o «sagrado
Concílio exorta todos a esquecer o passado e trabalhar sinceramente para o
entendimento mútuo e para proteger e promover em conjunto, por todos os homens,
a justiça social, os valores morais, a paz e a liberdade.» (Citado de um texto
do Concílio Vaticano II).
Parece politicamente correcta esta
orientação da Igreja de Roma, a qual visa no essencial munir as igrejas
nacionais dos países de grande imigração muçulmana, em particular por razões
próximas dos fenómenos de descolonização com mais de 50 anos, duma estratégia
adequada às situações em que a instabilidade social é preocupante. Também não é
indiferente às razões de diplomacia que o Estado do Vaticano deve observar,
dada a sua natureza, na relação com os Estados de vinculação islâmica, alguns
dos quais submetidos à Sharia, com consequências ao nível da organização do
poder político, justificando a «união» entre «poder temporal» e «poder
espiritual». Na verdade, a Igreja de Roma já «abdicou» da universalização do
Evangelho e admite que uma parte (grande parte) da proclamação do «Deus único,
vivo e subsistente, misericordioso e omnipotente, criador do céu e da terra,
que falou aos homens» seja realização do Islão! O que é irónico…
O problema é que essa posição obnubila uma
realidade que, para os muçulmanos, é muito viva, consistente e inegociável: os
povos do Livro, sejam Cristãos ou Judeus, mas em particular aqueles, são
respeitáveis, usufruem de «direitos» que outros povos não têm diante do
«avanço» inexorável do Islão, mas não adoram nem servem o mesmo Deus: «Não há
outra divindade que não seja Alá, e Maomé o seu profeta.» Este é o primeiro dos
fundamentos da fé islâmica, o seu credo. Alá não é o Deus de Abraão, Isaque e
Jacó, o Deus que se deu a conhecer através do seu Filho, Jesus Cristo, cujo
sacrifício sanguinolento na cruz foi feito pela humanidade, ressuscitando
depois para assumir o seu lugar no Céu, junto do Pai, e enviar o Espírito
Santo. Não é e, por isso, por muito que custe assumi-lo, não se pode associar a
prática do Islão, nem de longe nem de perto, ao cumprimento da missão que Jesus
entregou aos seus discípulos!
Não se nega com isto, no plano dos princípios,
toda a legitimidade ao Islão para fazer a propaganda e expansão do seu sistema
religioso desde que não colida com as regras mais elementares, hoje consensuais
no mundo, quanto à salvaguarda dos direitos humanos e reciprocidade em relação
às demais religiões para se propagarem e expandirem, na mesma base, onde o
Islão é predominante. Mas isso não está o Islão disponível para aceitar.
Afirma-se portador da última revelação de Alá e tem um «mandado» para
«submeter» todos os povos do mundo. É incompatível fazê-lo de «mãos dadas» com
os povos do Livro se, na sua génese, o Islão apregoou a adulteração, por parte
dos Judeus e dos Cristãos, da mensagem até então revelada, seja na Tora, seja
no Livro de Salmos, seja nos Evangelhos.
Assim,
não é pela confrontação dos «sistemas religiosos» nem pela via da «associação
de interesses» para a coexistência pacífica (em qualquer circunstância um valor
fundamental para a sustentação da paz no mundo) que o único Deus,
revelado nas figuras do Pai, Filho e Espírito Santo (que o Islão considera uma
manifestação do politeísmo que combate feroz e sistematicamente, negando, desde
logo, quaisquer atributos divinos ao «filho de Maria», que é, no Alcorão, referido
como um venerável profeta…) deve ser apresentado aos povos. Parece claro
que a Igreja de Jesus Cristo não pode substituir-se aos poderes instituídos
para velar pela paz e harmonia no mundo sob o dever estrito de aplicação das
normas de direito internacional e nacional, legítimas e democráticas…
E também não é pela ostracização e rejeição
dos muçulmanos, enquanto praticantes do Islão, que a Igreja será luz do mundo e
sal da terra. É pela afirmação de que também os muçulmanos são povo, são gente
que precisa de alcançar uma posição espiritual elevada, através do sacrifício
salvífico de Jesus Cristo, o Filho de Deus, para ter a certeza da vida eterna.
É sabido que o Islão não garante a certeza do perdão dos pecados, incluindo o original,
que recusa admitir, e mantém a dúvida sobre o destino eterno dos muçulmanos que
ficam dependentes da boa vontade de Alá no momento de pesar as boas obras e
cada um…
Assim, ser sal e luz não se consegue
de «mãos dadas com o muçulmano», fazendo cada um a propaganda do seu sistema
religioso em paz: os Cristãos e os Muçulmanos, como se fossem agentes do mesmo
propósito divino, apenas separados por razões culturais e de ritual religioso.
Parece que o caminho possível para
alcançar os povos muçulmanos para Jesus Cristo é a interacção pessoal, a
interacção familiar, a interacção profissional, a interacção de género… sim,
interagir para poder chegar à fala com os muçulmanos, que é a tarefa mais
difícil, dada a «protecção» a que estão submetidos de modo a não se
relacionarem com as pessoas do Livro, com os Cristãos. Interacção é permitida quando
os muçulmanos querem dar expressão a um dos pilares do Islão – o dever de fazer
bem, dar esmola, ajudar os pobres e necessitados – ou, ainda, quando o «infiel»
faz aquela declaração de adesão ao Islão - só Alá é Deus e Maomé o seu profeta
- e passa a ter o benefício de pertença à comunidade.
A tarefa é extremamente difícil, não
se pense o contrário! O exemplo do autor desta obra, que agora introduzimos, é
bem claro. É verdade que ele interagiu com os Muçulmanos num contexto exógeno à
sua própria sociedade e cultura, tendo de ultrapassar as difíceis barreiras
linguísticas, culturais e de costumes enraizados, quase incompatíveis com a
vivência paradigma das sociedades cristãs e democráticas em que se esbateram há
muito as diferenças de género.
Hoje, quiçá numa situação de alto
privilégio, os meus queridos amigos aqui presentes, sendo cristãos reformados,
protestantes, evangélicos ou católicos romanos, não importa, têm a
possibilidade de interagir com muitas dezenas de milhar de concidadãos que não
conhecem a beleza que há na mensagem de Cristo e a certeza da salvação que
n’Ele podem alcançar, abrindo-se para entender e alcançar o que tanto procuram
no Islão, debalde.
Não é, repetimo-nos, tarefa fácil.
Quem já teve oportunidade de interagir com um muçulmano praticante (mais
sunita, mais xiita, mais isto, mais aquilo, não importa porque o Islão tem
tantas ou mais clivagens na expressão religiosa do que os cristãos) constatou
que o diálogo é pacífico e o entendimento possível quanto ao dever da oração e
quanto ao dever de fazer bem aos necessitados. O muçulmano tem especial encanto
quando fala do bem que faz para que Alá lhe considere o mérito, se for o caso,
no momento de aplicar a sua misericórdia e lhe dar lugar no paraíso. Tal já não
acontece quando o tema de conversa resvala para a questão do reconhecimento e
identificação de Alá e da sua natureza, e do papel de Maomé, como profeta.
Jesus Cristo é completamente reduzido à sua condição de profeta, humano, que
não experimentou a morte, etc., etc. E fecham-se como caracol na sua carapaça!
Não há discussão possível nem argumentação que valha para avançar na
apresentação do plano da graça de Deus.
Mas não é tarefa impossível falar de Jesus
Cristo aos muçulmanos! Muito menos está enfraquecido o Espírito Santo de Deus
para «convencer do pecado, da justiça e do juízo» o muçulmano mais convicto dos
fundamentos da sua religião! É preciso apenas chegar à intimidade de cada um em
particular e paulatinamente mostrar-lhe o que não tem e lhe faz falta e que,
por isso, tanto busca na prática do Islão! Não nos vamos aqui envolver com a
metodologia já estudada na Missiologia, a chamada «ciência das missões», pois
isso ficaria para além destas breves notas de chamada de atenção para o tema
crucial e presente na obra COMPARTILHE A
SUA FÉ COM UM MUÇULMANO, em cuja leitura se poderão encontrar exemplos
muito práticos capazes de tornar bem-sucedida a tarefa de evangelizar um
vizinho, um companheiro de trabalho, um colega de estudo, até um amigo que
professa o Islão.
No nosso país, falando a mesma língua,
num contexto sociocultural sem difíceis barreiras de relacionamento, a
evangelização dos muçulmanos pode ser a gota de água que o Espírito Santo quer
transformar num mare magnum que
influencie «outras margens» em que as razões culturais, religiosas, políticas,
sociais, militares, geográficas, o que for, constituam barreiras muito mais
difíceis de transpor. Pelo menos no nosso contexto, dentro das fronteiras do
nosso território, nós, portugueses de convicção cristã, discípulos de Jesus
Cristo, podemos derrubar barreiras chegando aos corações de muitos muçulmanos
ansiosos por conhecer a verdade libertadora que não está acessível através do
Islão, muito menos da prática extremista de morrer matando para aceder ao
paraíso.
Daremos um contributo decisivo para a
paz e harmonia entre as pessoas interagindo com vista a encaminhar um muçulmano
para a vereda em que, de modo livre e voluntário, pode começar a caminhar rumo
à eternidade, em segurança e certeza!
Uma
palavra para esta iniciativa de Letras d’ Ouro, editores que coloca à mercê dos
cristãos portugueses, sejam católicos romanos, sejam ortodoxos, sejam
reformados, protestantes ou evangélicos, um texto simples, prenhe da
experiência dum servo de Deus de espírito aberto e alma sedenta de servir, que
foi «às entranhas» dos povos muçulmanos, respeitosamente, levar a Palavra de
esperança que muito receberam. Não é que não existam outros textos relevantes
sobre o Islão e as estratégias de comunicar o Evangelho em ambiente
intrinsecamente hostil. Este, porém, tem a superior vantagem de nos dar o
testemunho dum homem de acção, que desenvolveu o seu ministério despido de
todos os preconceitos da sua época e escreveu antes da «contaminação» geral
contra os muçulmanos, ocorrida a partir de 11 de Setembro de 2001.
Sem prejuízo da orientação Conciliar
para os católicos romanos, das orientações sinodais, convencionais, pastorais
ou outras para os reformados, protestantes ou evangélicos, importa cumprir a
missão que Jesus confiou aos seus discípulos e, para isso, cada um deve, usando
os seus talentos, compartilhar a sua fé com um muçulmano.
Espero que se possa afirmar, mais
consistente e coerentemente, esta vontade em resultado da reflexão que
fizermos.
Obrigado pela vossa atenção.
Lisboa, sede da Aliança Evangélica
Portuguesa, 22 de Setembro de 2015.
José Manuel Martins
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