domingo, 26 de maio de 2013

Ensinar ou publicitar?

Não sei exactamente porquê, mas irrita-me que, seja qual for o tema, se marque posição «por comunicado mandado para as redacções dos órgãos de comunicação social»...
E quando se trata de afirmação de valores ou referências doutrinárias, nem imaginam...
O que é que interessa, por exemplo, aos que aprovaram o regime da co-adopção que alguém lhes diga, através dos jornais ou das redes sociais, que têm uma posição doutrinária (invoque-se a Bíblia, invoque-se o catecismo, invoque-se o que se quiser...) contra isso!?
Aprovar uma Lei exige que os agentes políticos encontrem as maiorias necessárias; pô-la em prática exige que haja destinatários que dela beneficiem.
O legislador agiu em função de interesses que, do seu ponto de vista, requerem protecção (os respectivos protagonistas movimentaram-se para «levar a água ao seu moinho»...) sejam ou não maioritários na sociedade.
Se é bom para uma criança ter dois pais ou duas mães, em termos jurídicos, depende de muitas razões que agora não vêm ao caso... O Direito «trabalha» com ficções para alcançar determinados fins. Esta pode ser mais «uma ficção jurídica» que alguns entendem poder satisfazer pretensões específicas. Os que podem criá-las e pô-las em forma de lei representam (enquanto a Constituição o disser...) todo o povo...
Eu entendo que não é necessária essa via... Mas eu não sou legislador. Só posso dizer a quem legislou que a solução não tem interesse para mim porque não estou nem quero estar em nenhuma das situações que a lei prevê, tendo em consideração as minhas convicções, e quando me propuserem caminho alternativo, com o qual me identifique, dou o meu voto... Se me pedirem opinião ou houver discussão pública, também me pronuncio.
Sinceramente, com todo o respeito, gostaria que quem se opõe à co-adopção não perdesse tempo com comunicados, que não alteram nada, antes se dedicassem, com afinco, nos locais e tempos próprios, a ensinar, por exemplo, «que o estado de casados seja respeitado por todos, assim como a fidelidade entre marido e mulher» e que «quanto aos que praticam a imoralidade e o adultério, Deus os julgará» (evidentemente, está subentendido que quem co-adopta está numa relação «conjugal» por via do casamento ou  união de facto com pessoa do mesmo sexo: dois homens, duas mulheres, e isso não pode ser entendido como defesa do superior interesse da criança em questão que até pode ser filho biológico de um (a) deles (as) por causa da «imoralidade» em que se suporta tal relação). Ou a ensinar como se deve «amar o próximo como a si mesmo»...
Se não se faz o «trabalho de casa» e se leva o tempo todo a criticar quem faz tais opções de vida não é útil. Melhor é investir em ensinar aquilo que para cada um faz sentido por se sustentar nas convicções próprias... É  «inluenciar pelo exemplo» e não pela evocação dos princípios...


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