terça-feira, 7 de junho de 2011

Rui Pedro (um caso singular da justiça à portuguesa)

Lêmos, algures, uma notícia sobre o assunto de que extractamos o seguinte: «Os pais de Rui Pedro, o rapaz que desapareceu em 1998 aos 11 anos, mantêm a esperança de que o filho continue vivo e acreditam que a acusação do Ministério Público, concluída 13 anos depois do último dia em que foi visto, pode ser uma forma de pressionar o único arguido a contar às autoridades o que se sabe. Afonso Eugénio, está acusado de rapto qualificado - acusação concluída a 11 de Fevereiro. »
«O MP usa Alcina, prostituta em 1998 naquela zona, para garantir que Afonso cumpriu o plano: levar Rui, apenas com 11 anos, a ter relações sexuais com uma mulher. Alcina, que reconheceu o menino em fotos, disse ter estado com ele, a troco de 2 mil escudos, que recebeu de Afonso, mas negou as relações sexuais. Rui, com epilepsia desde os três anos, estaria muito nervoso. Terá contado a Alcina que não queria ter sexo e pediu para voltar ao carro. Alcina levou-o de volta ao Fiat Uno. A PJ ainda seguiu a pista infrutífera de que terá ido a uma casa de alterne. Ao final da tarde, Manuel Mendonça pergunta pelo filho a Filomena e começaram aí as buscas pelo rapaz. Pelas 21h00, o pai de Rui Pedro consegue contactar Afonso e pelas 23h00 um homem entrega-lhe a bicicleta que encontrara abandonada. Até hoje, a PJ não consegue perceber por completo a versão e o álibi de Afonso, que diz que, após deixar Rui Pedro, esteve hora e meia parado em frente a uma farmácia, garantindo que depois esteve em casa da namorada. Inquirida pela PJ, a médica que seguia Rui Pedro diz que o estado avançado de epilepsia de que padecia poderia, após várias horas sem medicação, provocar vómitos e uma crise grave que em último caso poderia levar à morte.»

O que me impressiona é o «protagonismo» da prostituta e a história da «iniciação sexual» dum miúdo de tão tenra idade…
A justiça às vezes faz-se percorrendo caminhos onde o testemunho dessas pessoas sem credibilidade pessoal e social se torna relevante. Quem dá crédito a uma história destas? Parece, para já, que o Juiz de Instrução, que pronunciou o arguído pela prática de crime de rapto e abuso sexual de menor, deu. E em julgamento? Numa justica mediatizada em que está patente a luta duma mãe em sofrimento, tudo pode acontecer. Será o homem culpado? Saber-se-á, produzidas as provas, entre as quais valerá o testemunho duma testemunha marcada pela «profissão»: «a dissimulação e a mentira são os defeitos característicos do seu mister».
Enfim, há uma família prisioneira ao passado, quer saber o que se passou com uma criança que desapareceu sem deixar rasto. Hoje seria (será) um homem de 24 anos. Onde parará? Importa sabê-lo!
A Justiça não pode «varrer para debaixo do tapete», mesmo que o decurso do tempo tenha dificultado a descoberta da verdade!

JMM

1 comentário:

  1. Macabro, bizarro - no mínimo: 'estranho'. Infelizmente: verdade... 'Produto' da 'queda do Homem'.
    Sem (mais) palavras.
    Joel

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