sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Com a devida vénia, NÃO ESCREVERIA MELHOR...

UM MUNDO SEM CRISTÃOS À VISTA


Fernando Loja, 2011-01-13

Um mundo sem cristãos à vista


Partilhar com os irmãos a minha preocupação decorrente da quase irrelevância dos cristãos no Portugal de hoje é razão bastante para vos escrever. Digo quase irrelevância para não me acusarem de estar a ser radical. Mas se os cristãos não são quase irrelevantes, alguém me pode explicar como é que se chegou a este estado de coisas? A nossa sociedade está muito doente e nós até já nem damos por isso. A nossa sociedade sofre de uma doença crónica, tão crónica que nós achamos que é o estado normal da sociedade.

Já repararam que palavras como “imoralidade”, “bons costumes”, “adultério” deixaram de se ler nos jornais ou ouvir nos meios de comunicação? Não é que já não haja imoralidade ou se tenha deixado de cometer adultério. Só que já ninguém reage, encolhe-se os ombros, “ninguém tem nada a ver com isso”.

O adultério já foi crime punido com o degredo para África ou com prisão. Até há pouco tempo era fundamento de divórcio e pedido de indemnização, mas hoje a noção de culpa pelo fracasso do casamento desapareceu do sistema. O casamento já não é um contrato para a vida: é mais fácil a um dos cônjuges acabar com o casamento do que a um senhorio com um arrendamento ou um a patrão com um contrato de trabalho.

Os cônjuges podem divorciar-se por mútuo consentimento “enquanto o Diabo esfrega um olho” com extrema facilidade e baixos custos.

A nossa sociedade recuperou recentemente o instituto do repúdio: um dos cônjuges divorcia-se do outro sem ter que lhe dar justificações e mesmo contra a sua vontade.

Vivemos num país em que a lei permite que homens casem com homens e mulheres casem com mulheres.

Condenamos Herodes, o Grande por ter mandado matar algumas centenas de meninos, mas em Portugal todos os anos milhares de mulheres grávidas matam os seus bebés até às 10 semanas de vida intra-uterina sem qualquer justificação e com a assistência médica paga pelo Estado (e nestes últimos 3 anos sabe-se oficialmente que houve mulheres que o fizeram duas e três vezes por ano).

Vivemos num país:

Em que o Governo prepara legislação que permite que crianças sejam “adoptadas” (com outro nome) por casais homossexuais;

Em que a corrupção é elevada e praticada com todo o descaramento,

Em que o Estado nada faz para diminuir a prostituição;

Em que a pedofilia é praticada em todos os níveis sociais;

Em que vivem e são exploradas como escravas sexuais milhares de mulheres estrangeiras contra sua vontade.

Vivemos num país em que dentro de poucos anos será possível antecipar a morte dos doentes para os quais não há esperança de recuperação.

Esta é a sociedade em que vivemos. Como é isto possível? Como chegámos aqui? Onde estão os cristãos? Alguns vivem em conventos. Outros, como se vivessem em conventos de pedra e cal, vivem virados para dentro das suas igrejas, recusam inserir-se na sociedade servindo em cargos onde podem influenciar o rumo das coisas. A maioria acha que “chafurdar na política” é incompatível com a pureza do seu estatuto de cristão.

Jesus disse “vós sois o sal da Terra e se o sal não salgar para mais nada serve senão para ser posto no caminho para ser pisado pelos homens” mas a igreja de Cristo tem andado afastada dos centros de decisão política, olha com suspeição e não quer nada com a política e, portanto, deixa os lugares de decisão para aqueles que não têm valores cristãos.

É tempo de os cristãos reponderarem a sua posição face à intervenção política.

Não querendo nada com a política, como se tivesse lepra, a maioria dos cristãos até tem contribuído com o seu voto para a implementação de políticas claramente contrárias à ética cristã. Muitos cristãos em Portugal têm votado em partidos que têm uma agenda política claramente contrária à vontade de Deus. Muitos cristãos têm votado (e receio que continuem a votar) em partidos que têm contribuído para legalizar o homicídio de inocentes que é o aborto, sabendo que esses partidos em que votam defendem o homicídio de inocentes e que vão usar o peso que têm na Assembleia da República para legalizar um crime.

Muitos cristãos em Portugal votaram em partidos que se sabia que queriam legalizar os casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Sabendo-o, mesmo assim votaram e são, portanto, cúmplices dessa abominação. Receio que muitos cristãos continuem a votar da mesma forma, mesmo quando for evidente que os partidos nos quais votam vão legalizar a adopção de crianças por “casais homossexuais”, e continuem a votar da mesma maneira mesmo sabendo que os partidos em que votam vão legalizar a eutanásia. E depois disso irão criminalizar o discurso contra a homossexualidade como discurso de ódio, mesmo que o discurso seja feito de um púlpito, e tirar benefícios fiscais às igrejas que denunciarem os erros do programa político do Governo, como está a acontecer nos Estados Unidos da América.

Esta observação leva-nos a questionar se uma parte significativa dos cristãos não sofre de uma incapacidade mental que leva a pessoa a afirmar uma coisa e a fazer outra que lhe é contrária, ou seja, a viver sem integridade pensando que é íntegra.

Porque se eu afirmo que sou contra a legalização do aborto e contra os casamentos entre homossexuais e contra a adopção por casais homossexuais e contra a eutanásia, mas voto em quem legisla favorecendo o aborto e os casamentos entre pessoas do mesmo sexo e a adopção por homossexuais e a eutanásia, o meu discurso é incoerente com a minha prática e mais valia que eu estivesse calado. Ou melhor ainda, não votasse em quem votei.

O mundo em que vivemos não prova o fracasso de Cristo, mas prova que a generalidade dos seguidores de Cristo, eu incluído, fracassaram no combate ao Mal.

Se os que se dizem cristãos tivessem uma prática coerente com o discurso e fossem mais influentes na sociedade, o mundo que hoje temos seria diferente, para melhor.

Alguém escreveu que para que o Mal triunfe só é necessário que os que fazem o bem, nada façam.

Que Deus nos dê sabedoria, que nos dê a visão e coragem para sermos relevantes na nossa sociedade.


Fernando Soares Loja


[Notícia n.º 3639, inserida em 2011-01-14, lida 32 vezes.]


In PORTAL EVANGÉLICO

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