domingo, 7 de novembro de 2010

Nem só de rotinas se faz o quotidiano…*

Meu caro amigo, o nosso Largo está, de facto, desértico! Sabes, o tempo é curto para tantas solicitações (especialmente as que vêm doutras «redes sociais» onde se gasta um ror de tempo...tantas vezes inutilmente, porque, em muitas situações, a convivialidade é do género «atira a pedra e recolhe a mão» ou «bate e foge», ou afirmação peremptória de convicções, sem maleabilidade, em género propagandístico... aqui, porém, sempre vamos solidificando os nossos relacionamentos, dando-nos a conhecer nas convergências e divergências, sempre assumidas e respeitosas...). Mas estranho, de facto, que amigos nossos, também participativos, tenham deixado de aparecer... Se calhar acontece-lhes o mesmo que a mim, muitas vezes: venho, leio, medito, aproveito... mas não tenho inspiração para dizer o que quer que seja - como tu sempre tens, caro amigo! - com vantagem para quem me possa ler, deduzo eu... É que, vir para aqui com as minhas «debilidades» não é animador! Se pudermos reter a avalanche de raiva, por causa do que vemos, do que fazemos… damos um contributo decisivo para a nossa sanidade emocional e não alimentamos os temas fétidos com que nos bombardeiam repetidamente…E, às vezes, falar do que está mal é mais fácil do que sair do lugar em que estamos sentados para mudar alguma coisa (por grão de areia que seja a nossa contribuição para o bem comum…).
Tenho pensado muito na viagem ao Equador (Cuenca), particularmente depois de teres chamado a atenção para a insegurança... É um mal geral. Está instalado, às vezes só na nossa mente, em todo o lado. Já não se está seguro em nenhuma parte do mundo. Mas «cautelas e caldos de galinha» nunca fizeram mal a ninguém. O nosso plano está bem delineado e só entraremos em contacto com a vida do país em Cuenca, onde temos quem nos receba e nos dê hospitalidade... Vamos aproveitar ao máximo esta experiência, estar perto do povo, não descurando a segurança. Afinal vamos em missão de ajuda, em prol de causa nobre, em benefício da solidariedade entre os povos. Seja o que Deus quiser e os que aviões se portem bem, ninguém se lembre das rotas da KLM para fazer confusão, nem para se mostrar ao mundo que é possível meter explosivos na «barriga» dum avião…
Na América latina a instabilidade social pode emergir num instantinho (e em que parte do Mundo ela não pode aparecer, repentinamente? Já se diz que a «tempestade» se aproxima da pacata Lisboa por causa da dita cimeira da OTAN…) e apanhar-nos como um furacão. Se precisar de ajuda ligo para o... Canadá! Deve estar um pouco mais perto e tu relacionas-te bem com os «maiorais» aí da tua região! Podem mandar um avião e uma equipa de salvamento ou resgate (com bom dinheiro no alforge, porque nós somos muito…valiosos!) …
Ontem, para mim, também foi um dia de trabalho intenso: rever um texto (contestação) para apresentar segunda-feira, preparar um audiência preliminar na terça-feira... (vou estar ausente 15 dias, tenho que deixar tudo organizado, mas ainda vou ter que deixar alguma coisa por fazer...), fazer o almoço (estive sozinho o dia inteiro porque a minha filha foi participar numa conferência, como oradora, e a mãe acompanhou-a...), aspirar o escritório, arrumar os livros que andavam pelos cantos, aparar a relva do jardim... Um dia intenso... E ainda trabalhei para a Letras d'Ouro, editando um texto para publicação próxima... Com as mulheres fora de casa, temos tempo para tudo! (Brincadeira, pois sem elas não valemos um carapau...).
E tu, amiga, aguenta o machimbombo, mantém-no em circulação pois ainda no levará a lugares recônditos (temos tanto de nós para partilhar...) que queremos conhecer... quiçá ainda atravessa o Atlântico e nos leva, em excursão, lá para aquelas bandas onde labuta do nosso amigo... Por acaso, seria uma experiência interessante, em grupo, irmos assistir ao degelo das montanhas...
E viva o fim-de-semana prolongado que se aproxima (não em Portugal, que o 11 de Novembro não é dia santo nem feriado...)! Para nós, amigos, que estamos ligados ao simbolismo de 11 de Novembro de 1975, dói e dá alegria… Não sei como é que se faz essa mistura de sentimentos contraditórios, mas a soma, para mim, representa a oportunidade que os povos devem ter: auto-governo! Depois, se se governam bem ou menos bem, é outra análise (cada um de nós faz a sua, como é natural, e não serão coincidentes. Há algum mal nisso, termos posições diferentes? Nenhum! E viva o povo angolano e a sua independência! 35 anos depois…)

*Adapatação de uma «conversa» de amigos que têm em comum, além do mais, gostarem de Angola e do seu povo.

José Manuel Martins

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