quarta-feira, 21 de março de 2018

No fim da linha...


1.

Ufff! Acabei de rever as 440 páginas do meu livro João Sequeira Hipólito. Pastor Pentecostal fundamentalista que procurava activamente a santificação. Foi a derradeira oportunidade de corrigir uma ou outra gralha. A perfeição só está ao alcance, nesta matéria, de «muitos olhos»... Dois apenas – os do autor - , já «gastos» em leituras do esboço até à configuração final, não terão visto todas as pequenas falhas. Elas «encarregar-se-ão» de evidenciar-se quando a obra já tiver odor a tinta fresca... No fim da linha. Quando já só posso pedir ao leitor benevolência, compreensão... Não deitar desculpas para cima do corrector ortográfico.


2.

Este meu novo livro terá maior significado se lido em conjunto com os dois imediatamente anteriores - José Pessoa. Um missionário por vocação e Manuel da Silva Moutinho. Um padrão da igreja bíblica. E digo-o por duas razões simples.

A primeira, porque são farinha do mesmo saco, deixem-me dizer assim; no essencial, porque neles é visível a continuidade dos pressupostos teológicos, doutrinários, culturais e sociais em que se forjou a acção e crescimento do Movimento Pentecostal em Portugal. É verdade que começamos a nossa saga com o representante da geração de meados da década de 1950, seguindo-se a imediatamente anterior do final da década de 1940 e início da de 1950, e, finalmente, a de finais de 1930 e princípio de 1940, ou seja, MSM, JOP e JSH.

Se repararmos, no ensino e na forma de ver o Movimento Pentecostal até aos finais dos anos de 1970, salvo especiais pormenores relativos à personalidade de cada um desses Ministros, havia um compromisso ideológico sem fissuras. Entre JSH e MSM a relação era de afinidade absoluta e entre os três, na acção, não havia distinção quanto aos objectivos. É verdade, como no passado tentei dizer, que a morte e JSH, no ponto de viragem importante para o Movimento Pentecostal, praticamente abriu caminho às novas concepções, que germinavam após a revolução do 25 de Abril e da primeira leva de novos ministros pentecostais saídos da Escola Bíblica sob a orientação dos amigos e convidados americanos.

Ainda assim, JOP tentou fazer a quadratura do círculo, o equilíbrio possível e morreu em plena crise fracionista. Por fim, MSM contribuiu, de modo empenhado, para separar as águas e deixar de fora, ou indo por outro caminho, os que queriam impor o novo sem, corajosamente, esconjurar o velho. Ou seja, queriam manter o melhor dos dois mundos: por um lado, a segurança dum Movimento que se expandira e era uma referência religiosa e social; a segunda, estabelecer na ecloseologia a orientação americana, destronando princípios e valores, em particular éticos e morais, próprios da escola e ensino suecos.

Este livro está no fim da linha, mas é o primeiro dos três que escrevi.

A segunda é para assinalar o centésimo aniversário do nascimento de João Sequeira Hipólito, em Lisboa, na Mouraria, em 7 de Março de 1917. Duas ou três notas sobre o valor símbólico de assinalar o centésimo aniversário dum dos líderes mais representativo do Movimento Pentecostal impõem-se. Do que sabemos, pelo menos foram lembrados no centenário do seu nascimento, dois homens de grande importância na implantação e expansão do pentecostalismo em Portugal. E fazia-se desse momento um pretexto para relembrar as origens humildes e o apoio substancial da Missão Sueca. A revista Novas de Alegria fazia chegar ao «arraial» Pentecostal essas recordações. Foi assim com o Centenario do nascimento de José Plácido da Costa. O missionário sueco, Tage Stählberg, escreveu NOVAS DE EM MEMORIAM J. Plácido da Costa, Novas de Alegria, nº 325, Janeiro de 1970, pág.4: Dia 25 de Novembro. Fazia precisamente 100 anos que nascera o pioneiro do Movimento Pentecostal, José Plácido da Costa, sobejamente conhecido deste Movimento no Brasil como em Portugal. Mais tarde, em Maio de 2012, o Director da revista Novas de Alegria dedicou a sua rubrica Abertura a lembrar o centenário de TS: «Este mês, em que o missionário Tage Stählberg, se fosse vivo, completaria cem anos de idade, prestar-se-á uma justa homenagem póstuma a esse dedicado e valoroso servo de Deus. Jarl Tage H. Stählberg nasceu a 14 de Maio de 1902, em Mönsterás, na Suécia. Acompanhado da sua esposa, a missionária Ingrid, chega a Portugal em 1938, a fim de substituir o também missionário sueco Erik Samuel Nyström na direcção da obra do Senhor no nosso país, em especial na região de Lisboa.»

Respeitando «a tradição», João Sequeira Hipólito devia ter sido recordado. Não ficou memória do facto, passou a ocasião... Estamos nós, no fim da linha, a levantar-lhe este memorial!

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