domingo, 3 de abril de 2016

Outro caso de...Polícia.

Na turma B do Curso de Direito da Faculdade de Direito de Lisboa (havia duas, A e B, e eu fui da B 5 anos seguidos), de 1975 a 1981, os alunos, na grande maioria, era adultos. Os homens, em geral, já tinham feito a tropa (uma boa parte no Ultramar...), tinham emprego, e tentavam concluir o curso que haviam iniciado, antes de ser incorporados nas Forças Armadas; outros, estavam à espera de oportunidade de trabalho, enquanto estudavam; alguns, trabalhavam nas férias escolares no estrangeiro para se sustentarem o resto do ano na Faculdade.
Alguns deles eram funcionários públicos.
Pelos menos um era Agente da Polícia Judiciária (havia mais, que eu bem sei...).
O que valorizava a turma B era a experiência de vida de muitos alunos. Que a partilhavam. Partilhei a minha experiência bancária, quando aprendíamos Direito Comercial, quando estudávamos os Títulos de Crédito, as garantias em geral, as Bancárias em particular. Outros partilhavam o saber de experiência feito no Ministério das Finanças, onde exerciam funções de relevo. Havia quem soubesse tudo sobre o regime da Segurança Social. Aprendia-se melhor com a experiência que todos partilhavam.
E havia aquele Polícia que partilhava a sua experiência em Direito Penal e Processual Penal. Ele era da «JUDITE» e contava cada caso no âmbito da investigação criminal! Era mais fácil aprender com a ajuda que nos dava.
Era o E.D.C. Um cavalheiro, apesar de polícia; um companheiro, apesar de lidar com o crime. Chegámos a tomar café juntos e encontrámo-nos, depois, algumas vezes: eu era advogado, ele polícia!
Há muito que não sabia nada dele.
Hoje vi um homem, aparentava ser mais velho, com os sinais do tempo passado, dos dias sem dormir à cata dos criminosos... Pareceu-me o E.D.C... Mas não me lembrava do nome dele! Esta coisa dos anos que vão pesando... 
Cheguei junto dele e disse-lhe:
- A tua cara é-me familiar! Andaste em Direito? És da Judiciária? Diz-me o teu nome... 
Abriu-se num sorriso, rejuvenesceu e respondeu-me:
- Sim, sim, sou o EDC!
E pronto! Demos um abraço.
Já não é da Polícia. Eu já «arrumei a toga».
Sempre foi um cavalheiro. Eu fui apreciando a sua generosidade.
Há polícias assim enquanto o são e depois sê-lo!
Pode ser que nos encontremos de novo, nos próximos 15 anos!



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