sábado, 20 de setembro de 2014

Ser português...

Um dia destes, estirado na areia da praia, prisioneiro de muitos pensamentos, fui despertado por um linguajar (bem) conhecido: acabara de chegar um grupo de portugueses! Naquela babel linguística, num instante, ficou a nu «muito do que é ser português»! Não mudei de posição. Contemplei o azul celeste sob a protecção da aba do meu chapéu e prestei atenção ao que diziam em modo à-vontade de quem julga não ser entendido por estranhos... Faltava-lhes protecção para a criança (sem o visionar, o grupo compunha-se de dois casais e uma criança, que trocavam entre si impressões várias sobre a origem, a viagem e o propósito da estadia...). Um dos homens do grupo decidiu ir comprar uma «sombrinha»... Foi num pé e veio noutro, que o Sol apertava e a criança não podia esperar... -Quanto é que custou, quanto é que custou?, perguntava o recém-chegado, enquanto enterrava o suporte da sombrinha na areia escura da praia... - 10 euros?, pronunciou-se o outro cavalheiro. - 5 euros?, atirou aquela que parecia ser a mãe da criança. - Nem 10, nem 5... custou 11,5 euros... mas só paguei por ele 1 euro e meio!, exclamou, feliz, o solícito progenitor que não queria a filha ao sol. -Ah? Como é que foi isso...., quase disseram em uníssono os três adultos quando a criança já estava à sombra... (eu não via, mas a montagem da protecção foi acompanhada da respectiva descrição e a criança já não se queixava da violência dos raios solares...) -Vejam: paguei com uma nota de 20 euros e a «chinoca» devolvei-me 18 euros e meio... Ainda ouvi dizer: - Deu-te 10 euros a mais... Todos ficaram felizes com o engano da comerciante... Eu voltei a desligar-me, centrando a atenção noutros linguajares para decifrar as respectivas proveniências. Não me associei ao gáudio (beneficiar com o engano e prejuízo alheio não é bonito...), mas tive que reconhecer que é «próprio» de ser português «passar a perna a alguém» e... ficar feliz!

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