quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Peço factura II

Muitos dos meus amigos estão «em guerra» contra o Governo, que, em tempo de crise, é responsável pelo que há e pelo que falta, pelo que faz e pelo que não faz, pelo que diz e pelo que cala, por quem fala e por quem está calado... É também responsável por esta enorme dissensão social, que se vê no trabalho, na escola, no café, no restaurante, no seio da família...: Peço ou não peço factura!
Ainda ontem a minha mulher (que é do clube dos que dizem «o Governo que vigie, inspeccione...») me veio «atacar (eu sou do clube daqueles que dizem que, se pagam IVA, devem contribuir para que ele chegue ao destinatário e não fique retido em mãos alheias... não é a factura pela factura... é que dói saber que pagamos o Imposto e ele serve para outros fins que não o «financiamento» da causa pública)...), dizendo: «Estava no oculista e o vendedor perguntou ao cliente se queria factura e ele respondeu logo que já tem papeis de sobra...».
Como imaginam, o «clima» fica difícil quando vamos comer fora, ao restaurante, à pastelaria: eu a pedir factura e ela a dizer para que é que quero mais papeis... «A culpa é do Governo», diz ela, «que quer fazer de nós fiscais!». «A culpa é nossa que devemos que nos fartamos aos nossos credores, apesar de pagarmos mais de 50% do que ganhámos em impostos, grande parte dos quais vai parar a bolsos particulares», digo eu. E andamos nisto desde que ela ouviu na TV que «agora temos que pedir factura». Ainda não a convenci a trazê-la do cabeleireiro, da esteticista, etc... sim, desses lugares donde saem mais bonitas mas aonde terão que voltar sempre... (e onde gastam muito dinheiro!) Hoje nem ela foi ao cabeleireiro nem eu lhe propus que almoçássemos fora... Mas ela pôs um condição: «Vou amanhã, mas hoje fazes o almoço...» Não tive alternativa para evitar a discussão do pede não pede factura: lá fiz o almoço! Amanhã pode ser que ela mude de opinião, especialmente tendo em conta que já estamos a fazer as contas de quanto mais vamos ter que pagar para sustentar o «Estado Social»... Para o ano é pior!

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