A propósito das relações afectivas com animais…
(Diálogo a propósito
do seguinte texto que publiquei na rede social facebook: « Por acaso concordo
com o Sumo Pontífice da Igreja Católica Romana: «Não se pode entender a
compaixão com os animais, enquanto se fica indiferente perante o sofrimento do
próximo (...) Quantas vezes vemos gente que cuida de gatos e de cães e depois
deixa sem ajuda o vizinho ou vizinha que passa fome?»
E não compreendo aqueles que afirmam que, para si, o melhor
da vida é «a amizade dos animais». Do género, na frente dos amigos e
familiares, dizer: «O meu melhor amigo é o meu cão...» Há por aí, a todos os
níveis, muita zoofilia sentimental... Um pouco mais de humanidade com o próximo
ajudaria a ser mais amigo dos...animais!»)
Eu: - No que me toca, se se refere a mim: aceito com
humildade o epíteto de ignorante! É o que sou.
Mas posso ter opinião?
Ela: - Por ser um homem inteligente e culto, aumenta a sua
responsabilidade, na forma como expressa a sua opinião.
Eu: - (…) De resto, o que penso não vai contra ninguém que
defende os direitos dos animais! Não há ninguém mais zeloso na protecção de
direitos! O que me choca é a incapacidade de amar o outro ser humano e a
vivência na dependência afectiva dum animal... É só isso! O resto é
fundamentalismo de quem não vê a desgraça que vai por aí... Em que critica a
opinião que exprimi? É melhor voltar a ler o que escrevi...
Ela: - O que é que devo pensar do comentário da Sra. (…)?
Eu : - (… ) já não nos conhecemos, é isso... Não sei! Nem sei quem é a Sra. (…): Cada um
exprime-se livremente e é senhor das suas ideias.
Ela: - Engana-se! Por eu o conhecer é que não entendo o seu
discurso… Mas o que ela diz, não são
ideias...
Eu - De qualquer modo, quem está em causa não são as pessoas
que gostam de animais, são as que não gostam das pessoas. É isso, em síntese, o
que o meu post diz! Mais nada. O resto só pode ser ilação de
fundamentalistas... Não sei se acontece
o que ela diz. É com ela. Mas que há pessoas doentes - psicologicamente doentes
- isso há... vivendo fora do mundo, prisioneiras desse sentimento de «dar tudo»
a um animal para existirem...
Ela: - Eu poderia falar-lhe da minha experiência no terreno,
da forma como encontramos animais violentados por seres humanos, no modo como
ajudamos pessoas, de baixos recursos e que dividem o que têm com animais, mas,
era uma longa conversa.
Eu: - Mas, minha querida (…), ninguém falou de si nem de quem
age assim! Dar-lhe-ia notícia, nessa conversa, para o caso de não saber (somos
sempre ignorantes acerca de alguma coisa...) das dezenas, centenas de pessoas,
milhares de pessoas que alimentam bem os animais, dão-lhe o melhor do mundo, e
vivem «a leste» dos interesses das pessoas necessitadas... Mas isso não
alteraria em nada o que eu disse.
Ela: - Claro que não é verdade o que ela diz! E quanto ao
Papa (com quem simpatizo) quando me dizem que em Fátima, na altura das festas,
a igreja é barbara com os animais, está tudo dito. Conheço muitas pessoas
ligadas aos animais, com grande respeito pelos humanos…
Eu: - Pois... Mas ainda não me disse as razões por que
considera que o meu discurso é de gente ignorante: se eu não disse nada do que
afirma, se não abdiquei de defender os interesses dos animais, se coloquei, em
todas as circunstâncias, à frente os direitos das pessoas, se conheço pessoas
doentes por não se saberem relacionar com outras pessoas e se refugiarem nessa
relação sentimental exclusiva com animais, que disse eu, meu Deus, que ofenda
uma pessoa inteligente que não se estribe no seu fundamentalismo? Aliás, no seu
comentário fez uma afirmação que não tem demonstração possível: «o inverso é
que não existe». Não há pessoas que cuidam do seu semelhante e são
suficientemente solidárias para cuidar dos animais? Não é o seu caso? Não será
o meu? De qualquer modo, obrigado pela franqueza, mas não me reconheço na sua😻 apreciação.
Ela: - Ainda bem... O Sr. ainda é a pessoa que eu conheci em
1978.
Eu: - Melhorei, (…) melhorei... Embora mantenha muitas
«desvirtudes»! Uma delas é investir em pessoas... ihihih Não vou a touradas, não gosto de corridas de
galgos, mato as moscas, os mosquitos (à palmada, se for preciso, senão vai veneno...)
cozo caracóis (vivos, cozo-os vivos...), preservo os ninhos, dou cabo dos das
formigas (quando fazem carreirinhos dentro de casa e vão directas ao
açúcar...), passo por cima das víboras (quando então em condições de
morder...), piso-as aos pés... enfim, digo à vizinha para calar o cão, que são
horas de dormir, e «mando o pau ao gato» quando ele vem deixar os dejectos no
meu jardim... Ainda tenho muito a melhorar! E gostaria muito que não houvesse
animais fora do seu habitat natural, que aqueles que o homem domesticou não
fossem abandonados, que não fossem mortos por simples prazer, diversão ou
malvadez... Daria tudo para conseguir esse objectivo depois de não haver
crianças abandonadas, que as pessoas não querem adoptar... por exemplo! Uma
questão de humanidade e bom senso.
Ela: - Por isso é que falo sempre na obrigatoriedade se
cuidar de todos os seres vivos…
Eu: - Primeiro as pessoas...
Ela: - Concordo! Mas, numa situação de risco entre um animal
e um ser humano moralmente mal formado, sinceramente, não sei quem ajudaria
primeiro
Eu: - Sempre o ser humano...
Fim da conversa de chat
23/8/2016
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