terça-feira, 3 de setembro de 2013

«Voltar a casa...»

Suponho que sucede com qualquer um que teve que deixar, nao importa o motivo, a sua terra natal... De vez em quando sobressalta-nos o desejo, quase impetuoso, de regressar às origens, onde fomos crianças, adolescentes, jovens... Vemos lá o que a nossa memória preserva, embora irrepetível. Há lá laços de sangue que nos apelam, há sinais que nos vinculam enquanto existirem, enquanto o tempo e a sua inexorável acção ou a mão do homem os não apagarem... Eu não sei se vou voltar ao berço, às origens, donde parti para o mundo, para ver outras gentes, para respirar outros ares, para vislumbrar outro futuro. Lá, já o tempo e a acção dos homens «rasgaram» páginas da minha estória... O que é não é o que era, os da minha geração não viveram como (o que) eu vivi, e os que sairam (e voltaram) não saíram pelos motivos que a mim me levaram. Acho que, agora, voltar é para «sofrer» o impacto dum sítio novo, recomeçar, viver outra vida num contexto difente do da minha memória, onde nem as águas cristalinas e correntes foram preservadas, onde nem o som timbrado da torre da igreja soa do mesmo modo, onde não se ouvem, ao acordar, as conversas dos homens que vão para o trabalho de bicicleta, onde os campos e bouças estão prenhes de cimento, onde... nada será como dantes! Voltar significa recomeçar e, agora, já é tarde (?) para isso. Já «depositei» um bocado de mim que ficará ao dispor de quem, sendo dali, como eu, independemente da separação geracional, me quiser conhecer!

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